Idealismos Sonoros
Como vêem, teríamos aqui texto para dar de comer a muitos “gulas”, como texto para “enrabar passarinhos e encher chouriço” e até mesmo texto para importunar “terceiros”; mas de facto o meu “pé atrás” em falar destas temáticas não se encontra no não à-vontade de falar das mesmas, mas sim no simples motivo de ter de agradar a gregos e a troianos, isto é, a todos os caros leitores que seguem atentamente este espaço honesto com o intuito de não ferir susceptibilidades mais frágeis.
Mas como muita gente diz, e bem “O Mourinho, que é o Mourinho não agrada a toda a gente, como é que eu vou agradar alguém!?!”
Então reflecti e conclui que vivemos em democracia, e que na ausência, ou melhor na inexistência da PIDE, sou livre de escrever, criticar e expressar-me da forma que eu bem entender, mesmo que deste modo diga coisas menos conseguidas, mas que no meu ponto de vista têm o seu “quê” de muita verdade e interesse lógico. Já lá dizia o outro “Eu pago a oblata ao padre, como o que eu quiser!”.
Seguindo então esta ideologia um pouco subjectiva, ou até mesmo personalista, e dando mais umas voltas ao nosso quotidiano, neste post vou falar do “abalo” musical que se fez sentir no nosso país este fim-de-semana.
Poderei começar pelo festival que para muitos era e continuará a ser o melhor do ano, o Super Bock Super Rock. Eu cá, já não partilho da mesma opinião, pois atendendo aos meus gostos pessoais já apareceram outras prioridades num dos festivais de verão. Mas sem dúvida que era um cartaz bastante apetecível, aliás participou uma das minhas bandas de culto. Eu como é lógico não podendo comparecer a tal espectáculo, acompanhei assiduamente os tão falados concertos na estação radiofónica oficial do evento, Antena 3. E foi para grande desilusão minha quando esta mesma rádio anuncia que, a banda referenciada cabeça de cartaz não deixara transmitir o seu concerto para milhares de portugueses infortunados e adeptos do seu som. Penso que usaram e abusaram um bocadinho do seu estatuto de vedetas… hmm vedetas! Deste modo terei de atribuir o melhor concerto a Placebo, pois tendo em conta aquilo que ouvi, deram o que se chama, um monumento musical ao ar livre.
Depois temos o Rock in Rio, e peço uma salva de palmas às organizações de ambos os eventos (SBSR e RIR2006), por terem feito os dois acontecimentos em alturas completamente diferentes e em locais bastante distantes um do outro! Para a próxima que façam um em Lisboa e outro em Lisboa, para assim o cidadão português ter uma vasta opção de escolha! Se bem que a cidade do “rock” teve uma ligeira paragem voltando daqui uns dias.
Eu do Rock in Rio poderia estar aqui o dia todo a criticar espécimes musicais que lá compareceram e irão comparecer, mas acusar-me-iam de um remoto satírico e eu de certeza que me desmantelava a rir, o que é totalmente escusado.
Mas desculpem… “Que raio de cartaz é aquele???... Rock in Rio? Não será mais, Pop in Rio? Ah… foram lá umas pistolas e irão umas malaguetas… como isso mudasse tudo! Ok, na verdade vocês têm toda a razão, “RIR” é mesmo o termo mais adequado para caracterizar esse reportório.”
Só acho existirem umas pequenas injustiças no que toca à distribuição de palcos, colocar no palco secundário uma banda com qualidades garantidas em praticamente todo mundo como os holandeses “The Gathering”, só demonstra uma falta de ética sonora por parte dos organizadores.
Mas isto, são só pequenas fatalidades, o que realmente me afrontou este fim de semana, foi algo que infelizmente já era de esperar há largos dias, e que eu próprio classifiquei como um PUS inevitável, “Psicose Urbano-Social”, mesmo não fazendo a mínima ideia do verdadeiro significado desta sigla, penso que seja um objecto de extrema gravidade civil. Estou a falar de um dito cantor com o nome artístico de FF, que há uma semana teve entrada directa para o oitavo posto dos 30 discos mais vendidos em Portugal, e neste ultimo alcançou o primeiro posto do mesmo.
Meu Deus… pior do que isto só mesmo uma festa pink no arcádia. (daqui umas semanas evoluirá para uma flower power!)… Estou no gozo.
Isto são calamidades que eu próprio não sei explicar, ou até sei! Mas como é que deixaram as coisas chegarem a este ponto? FF nº1 nacional? Onde é que estão as mentes facilmente penetráveis da juventude de hoje?
Depois de observar esta contrariedade da música portuguesa, chego a uma pequena conclusão com contornos catastróficos: EXISTE UM NOVO MÉTODO PARA SE FAZER “MÚSICA”!!!!
Hoje em dia basta fazer um casting para uma novela juvenil, ser seleccionado, arranjar um argumento em que a tua personagem tenha um fetiche qualquer com a música, este faz uma banda, ganha inúmeros fans à custa da popularidade da novela, posteriormente é suportado pela estação televisiva que transmite a mesma, que por sua vez paga-lhe um álbum e lhe oferece um vasto número de concertos pelo o país inteiro, depois fica nº1 no top de vendas e nacionalmente conhecido.
Fácil não é? Eu assim também quero ser músico. Não quero ser músico como as pessoas normais, que gastam o seu tempo em garagens, que mesmo tendo uma apetência inesgotável para a música, ensaiam desventuradamente sem nunca saberem quando dali saem, financiando um EP ou uma amostra do seu som com o suor do seu trabalho, tocando aqui e ali e ganhando pequenos dinheiros podres! Enfim… esta é só mais uma de muitas, de como vai a música no nosso pequeno e por vezes degradante país.
Daqui umas semanas seremos interpelados por uns tais “Four Taste”, eu cá estarei para postar o meu sincero comentário.