Dramatizações de Correntes Festivas
Na verdade meus amigos, muito papel já foi escrito, lido, rescrito, revisto, rasgado, riscado, arrecadado à custa desta porcaria! Muito do meu precioso tempo já foi gasto com esta indecência!
Por entre escrituras de fontes satíricas com módicos eufemismos idealísticos, comentários enigmáticos e comentários de assíduos congressistas… Encontro-me novamente perdido neste espaço, por vias de rotinas semanais para dizer que foi com extremo prazer que escrevi estas palermices, e não me canso de agraciar o vosso empenho em tentar perceber as mesmas!
Mas tal como tudo tem um início, também tem um fim! Este espaço como qualquer outro terá o seu…
Confesso que encontro-me nestes dias sem grande vontade de cavaquear fenómenos alheios… talvez pela época em questão, talvez por acusar uma certa falta de criatividade, de perder aquele estatuto de efeito surpresa que adquiri aquando a criação do blog. Isto é como tudo, já o El Corte Inglês em Gaia se pode queixar do mesmo. Depois da sua inauguração, este era o espaço mais frequentado no distrito do Porto! Tudo era desculpa para ir dar uma voltinha ao novo centro comercial, até a Dona Gertrudes deixara de fazer compras na habitual “Lojinha da Paulinha” junto à ribeira, para ir toda requintada ao El Corte Inglês com o seu avental que outrora só usara ao domingo, comprar um quilo de cebolas, dois limões para temperar as febras do almoço e uma gillette com cabo de plástico para fazer o bigode! Realmente entendo a razão para ir ao El Corte, na “Lojinha da Paulinha” não se vende ferramentas de tal ordem!
Mas voltando ao assunto anterior… relativo ao Alpha e Ómega que parece ter afectado certas arestas mais ténues do blog. Sinceramente não antevejo esse fim por agora, pois já falei com mentes ainda verdes nestas aventuras que, com certeza darão o seu sincero contributo para manter o God is a Margalho arder!
Mas se algum dia isso acontecer, o fim terá de ser visto com orgulho. Orgulho por um dia ter profanado tais textos! Olhar para trás e saber reconhecer que realmente isto teve algum valor!
Quebrando agora esta componente teatral, dramática ou simplesmente desnecessária, pois nunca foi minha intenção, vá lá… “assassinar” o blog, irei falar do tema que eu já previa como inevitável, as festas de St. António. Um pouco intemporal, mas cá está!
(…)
É verdade, Vale de Cambra parecendo que não, esteve em festa, aliás acho que puseram para lá umas bandas quaisquer a tocar! Mais não seja a Banda de Junqueira que teve com qualidade acima da média, e olhando a média referente à qualidade musical que passa nos palcos da festa, esta é sem dúvida muito baixa, por isso a Banda de Trás dos Montes… ups… Junqueira não leve a mal, mas não foi assim uma coisa de encher o ouvido!
Mas Vale de Cambra tinha todos os argumentos para realizar uma festa memorável, havia naturalmente as muitas luzinhas alusivas ao festim, as barraquitas de cerveja e vodka, o clássico forno do pão com chouriço e a barraca da Universidade do Cachorro, e digo Universidade pois a dificuldade em comer tal porcaria é tanta, que é digna de tirar uma licenciatura!
Havia os habituais e sempre divertidos carrosséis para a canalha que por coincidência ficava à beira de um… Esqueçam!!!
Havia também aquilo que eu dava o nome de, Barracas “Deja Vus” (barracas cujo os vendedores tinham afinidades comunistas). Isto porque por magia ou simples ilusão de óptica, num conjunto de umas cinco barracas seguidas vi: as mesmas camisolas, os mesmos toalhões, as mesmas bugigangas e, inclusive e por incrível que pareça vi as mesmas pessoas a vender esses mesmos artigos! A sério, ou eu estava bêbado ou foi pura impressão minha! Vou fazer crer que estava bêbado!
Por último houve uma surpresa já reservada no calendário para uma noite de sábado, um tal River Dance da qual eu infelizmente e digo com toda a sinceridade, não fui. Ou melhor, fui levado a não ir, pois o evento pareceu-me bastante selectivo, não falando do tipo de música que dentro do meu espectro musical não é nada apelativo, mas sim do preço de entrada exagerada que cobravam. É certo que tinham de ter uma margem de manobra para obter lucro, pagar investimentos, despesas, bla, bla, bla… Mas penso efectivamente que essa não terá sido a melhor estratégia para convocar pessoal. Eu que não gosto de dançar até gostava de ter ido, imaginem os pobres desgraçados que ansiavam por fumar umas partículas de uns tais “sabões” ao mesmo tempo que deliravam ao ritmo do seu som predilecto, e não puderam ir devido aos custos elevados do ingresso no descrito acontecimento.
Deixando-me de pormenores festivos, vou passar agora para um plano mais pessoal. Como nos primeiros dois dias de festa percepcionei tremendo descontentamento, tive que arranjar alguma forma para me divertir evitando campos alegóricos ao álcool. Conversei com potênciais colaboradores na tentativa de tornar a festa algo diferente, até mesmo torna-la um pouco demente, como encarnar a pele de uns palhaços anónimos ambulantes, levando o seu circo “Margalhetti Amestratti” às “criancinhas” mais tristonhas. Foi então que no meio da festa acordo e para surpresa minha encontro-me em frente a uma barraca de brinquedos para comprar um objecto que me desse uma total segurança dentro de contornos animados; já lá dizia o Mário Machado: “Cada português deveria ter uma arma em sua casa!”; eu não fiz por menos, comprei logo uma das armas mais mortíferas em todo mundo, uma “shotgun swat team”, caçadeira essa com mira e tudo! Até tinha aquela cena tipo nos filmes, castanha por baixo do cano que faz aquele barulho, “tchêk!!tchêk!!”. Como vêem completíssima!
Foi aqui que começou o combate à adversidade do descontentamento que senti na festa. Brincadeiras por todo o lado, bocas foleiras, bocas amigáveis, risotas, a tal cena de exigir cerveja de borla nas barraquitas… uma verdadeira ramboia. Dava era uma certa piada ver pessoal a criticar a minha compra, do género: “Gastar dinheiro nisso! Se gastasses em cerveja ou vodka, isso sim!” ou “Já não tens idade para ter juízo?!?”; mas tudo queria tocar na arma, tudo queria mandar o seu tirito. Depois havia aqueles gajos que quase imploravam para ter a arma nas mãos e que depois também me via eu fodidinho para lhes arrancar das mesmas! Conclusão: A arma sobreviveu mas com algumas mazelas!
Segunda-Feira ocorreu o que podemos chamar a fatídica noite, quase digna de uma psicopatia traumática pós queima! Onde eu e o meu mais congregado companheiro de festividades Espadaneira decidimos arranjar uma forma de beber sem olhar a muitos gastos. Desta forma levamos para a cidade uma garrafa de vinho do porto e outra de espumante, delineando objectivos para as mesmas.
Leandro
“Ora a garrafa de porto bebesse aos shots e a de espumante é para festejar a passagem do dia 12 para o dia 13, festejando também o aniversário do santo padroeiro, porque sem ele não estávamos aqui! Certo Espada?”
Espadaneira
“Certíssimo! Podíamos também fazer uma espécie de panfleto, na tentativa de angariar fundos para bebermos mais! Só naquela do gozo!... Até podíamos por uma imagem de Nossa Senhora, tipo os gunas no Porto!!”
Leandro
“Parece-me bem!”
Espadaneira
“Já agora podíamos tentar encontrar um rapaz qualquer chamado António! Já que o Santo é um ser espiritual e não lhe podemos dar uns golitos do nosso espumante. Seria desonesto festejar este dia sem algum ponto simbólico!”
Leandro
“Se bem que eu pense que fazer isso seja uma ideia um pouco leviana, pois somos católicos e isso seria pecar profundamente! Mas estou plenamente de acordo, só tenho um pequena correcção para essa festa. Temos que falar com mais pessoal, fazer um grande alarido no jardim. Isto de festejar a passagem do dia 12 pro dia 13 de Junho não é todos os dias, aliás é só uma vez por ano!”
Desfecho desta história. Bebemos a garrafa de porto aos shots! Elaboramos o panfleto mas sem a Nossa Senhora! Esta história de desenhar a Divina num papel com os olhos tapados foi uma ideia muito imponderada, e deu mau resultado, da qual não vou contar mais detalhes! Por isso ficamos só com uma frase bem escrita e elucidativa, e que passo a citar:
Quem viu, sabe a palhaçada que isto foi, quem não viu que viesse à festa! É de fazer notar que na altura que andava a espalhar esta estúpida profecia, estava a ocorrer o que podemos de chamar de, “O Verdadeiro RiverDance”, havia pessoal a dançar sobre chuva. Isto sim é o autêntico conceito desse evento!
A cena da garrafa de espumante, por muita pena nossa não ocorreu à meia-noite. Falhamos incomensuravelmente! Mas fizemos festa na mesma, por muita e pouca que foi, mas fizemos! Encontramos também o tão desejado António, e confesso que foi seriamente complicado descobrir algum, pois hoje em dia ninguém se dá ao luxo de ter esse nome!
Para rematar este pequeno post. Partilho com vocês aquilo que foi sem dúvida a minha melhor compra nos últimos tempos. Comprei o jornal O’Crime desta semana e fiquei rendido aos encantos que esse honesto jornal me transmitiu. Inclusivamente já falei com a redacção do jornal e acho que vão patrocinar o meu blog, pois na verdade esta porcaria não passa de um simples crime involuntário, uma autêntica contrariedade bem-mal polida.
Acabo o post como o iniciei.